As diferenças do câncer de mama em mulheres jovens e mais velhas

O câncer de mama surge com frequência em mulheres a partir dos 50 anos de idade e estima-se que 10% dos casos aconteçam antes dos 40 anos. “É um número significativo e, nos últimos anos, tem aumentado de maneira discreta, porém, considerável, destaca o médico mastologista Dr. Renato Menegaz.

A principal diferença entre os tumores de mama em mulheres jovens e mais velhas é que, normalmente, são mais agressivos nas jovens, especialmente abaixo dos 35 anos. Quase metade dessas mulheres têm a chamada mutação herdada, ou seja, o tumor não se origina de fatores adquiridos durante a vida.

Outra diferença está relacionada ao tratamento desses caso que, geralmente, são um pouco mais radicais do ponto de vista cirúrgico, em consideração à longa expectativa de vida dessas mulheres, diferente de pacientes com idade mais avançada.

Já a incidência do câncer de mama após a quinta década de vida é resultado de mutações genéticas provocadas por vários fatores, como sedentarismo, obesidade, tabagismo, abuso de álcool, etc.

Exames e rastreamento

O rastreamento é dividido em dois casos. Primeiro, a checagem da população normal ou chamada de risco habitual, que deve ser feita anualmente, a partir dos 40 anos, com a mamografia, sendo o ultrassom um exame complementar. Nas mulheres de alto risco – as que possuem parentes de primeiro grau que tiveram câncer de mama, especialmente na pré-menopausa – a prevenção deve começar mais precocemente.

Para esse rastreamento, há protocolos diferentes. A primeira mamografia deve ser feita a partir dos 30 anos ou 10 anos antes do caso de tumor de mama “mais jovem” da família, associada ao ultrassom e ressonância magnética. O histórico familiar também é indicativo para o aconselhamento genético, que significa a pesquisa de genes relacionados ao aumento do risco para o câncer de mama, entre eles BRCA1, BRCA2 e TP53.

Caso a paciente tenha herdado a mutação, além das medidas de prevenção secundária com os exames de imagem, são propostas as medidas de redução de risco, divididas em comportamentais e medidas redutoras de risco efetivas. A primeira sugere evitar medicações com hormônios femininos, como os anticoncepcionais, não fumar, não ingerir bebida alcoólica, controle de peso, dietas saudáveis e exercícios físicos. A segunda está relacionada à medicação e cirurgias como a adenomastectomia (retirada completa das mamas com imediata reconstrução com próteses mamárias) e retirada das trompas e ovários. Segundo estudos, a adenomastectomia é a medida mais eficaz, pois reduz em torno de 90% o risco de câncer de mama.

Um fator importante é que quanto mais jovem, mais densa (com mais glândulas) é a mama, e fica mais difícil detectar pequenos nódulos. Por esse motivo, os especialistas associam ao rastreamento a ressonância magnética, que é superior ao ultrassom. Ainda assim, esses são exames de triagem e não conclusivos, conforme explica o médico patologista, Dr. Marcos Michel Gromowski, diretor técnico do Célula Laboratório Médico. “Com as imagens, busca-se algo que necessite de biópsia e só após biopsiar é que se tem o laudo conclusivo de câncer ou não”.

Durante a cirurgia, colhe-se fragmentos ou parte da lesão e este material é encaminhado ao serviço de patologia. O médico patologista analisa estes fragmentos ao microscópio, confirmando ou não a presença de câncer. Se confirmado, é possível identificar o tipo e também complementar o diagnóstico com o exame de imuno-histoquímica, feito pelo patologista, para se ter mais dados do tumor que serão importantes para o tratamento.

Prevenção

Nascer mulher, histórico familiar e envelhecer são fatores de risco não modificáveis. No entanto, há muitos hábitos importantes na prevenção do câncer de mama. Uma das medidas já comprovadas é o Índice de Massa Corporal (IMC) adequado. Pacientes obesas têm mais recidivas (retorno do câncer) do que as não obesas. O mesmo se aplica ao tabagismo e álcool, além do uso de anticoncepcionais.

“Quando tratamos uma paciente jovem levamos em consideração que ela tem expectativa de vida longa, preocupação com a aparência corporal, autoestima. Mesmo com a necessidade de cirurgias, sempre priorizamos essas questões pra ela. E se a paciente ainda deseja engravidar, conduzimos o tratamento levando em conta essa possibilidade de reprodução”, destaca Dr. Renato.

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