Hanseníase: entenda a doença, seus sintomas, diagnóstico e tratamento

A hanseníase, anteriormente chamada de lepra, é uma condição infecciosa que se manifesta por meio de lesões e manchas cutâneas. A mudança de nome ocorreu devido ao estigma associado à doença, uma vez que a denominação anterior carregava uma carga negativa.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2020, mais de 120 mil novos casos de hanseníase foram identificados globalmente. Durante o período de cinco anos, de 2017 a 2021, o Brasil registrou um total de 119.698 novos casos de hanseníase.

Dentro desse contingente, 66.613 casos foram diagnosticados em homens, representando mais da metade dos dados. Esta tendência foi observada em várias faixas etárias e anos analisados, com maior incidência em pessoas entre 50 e 59 anos. No ano de 2021, o estado de Mato Grosso se destacou com a maior taxa de detecção geral, registrando 58,76 novos casos por 100 mil habitantes. Enquanto a capital, Cuiabá, apresentou uma taxa de 22,45 casos por 100 mil habitantes.

Apesar de ser uma doença grave e ainda um desafio para a saúde pública, a doença pode ser tratada e curada. Neste conteúdo, abordaremos informações sobre essa condição, incluindo suas formas de transmissão, sintomas, diagnóstico e opções de tratamento.

O que é a hanseníase?

A hanseníase é uma doença antiga, descrita em muitas civilizações ao longo dos séculos. É causada por meio da infecção da bactéria Mycobacterium leprae, mais conhecida como bacilo de Hansen, nome dado em homenagem ao pesquisador que a identificou pela primeira vez.

A contaminação pela bactéria produz uma infecção crônica em humanos, que afeta, principalmente, os nervos e a pele, mas também pode acometer outros locais, como os olhos e as mucosas.

A presença dos bacilos na pele produz as manifestações dermatológicas características, sob forma de lesões e nódulos. Já a infecção em nervos pode acarretar disfunção neuronal e desmielinização, processo que gera como consequência perda sensorial, incapacidades e deformidades.

Como ocorre a transmissão da hanseníase?

A principal forma de transmissão da doença é a partir de gotículas de saliva ou secreções nasais (tosse ou espirro). Para ocorrer a transmissão, é necessário um convívio físico próximo e prolongado com a pessoa infectada. É importante destacar que tocar a pele da pessoa acometida pela doença não é contagioso. Além disso, a transmissão é interrompida logo nos primeiros dias de tratamento.

A hanseníase pode ser classificada em paucibacilar, quando o paciente apresenta poucos ou nenhum bacilo no exame baciloscópico, ou multibacilar, quando há a presença de muitos bacilos. Pacientes que apresentam a forma paucibacilar não são importantes fontes transmissoras, devido à baixa carga de bacilos, diferentemente da forma multibacilar, considerada a forma mais contagiosa, na qual o paciente transmite a doença até o tratamento específico ser iniciado.

Quais são os principais sinais e sintomas da hanseníase?

Inicialmente, a hanseníase se caracteriza pela presença de manchas claras, avermelhadas ou mais escuras na pele, com limites imprecisos e frequentemente associados à falta de sensibilidade, perda de pelos e ausência de transpiração. Também podem surgir alterações da percepção térmica e da sensibilidade ao toque e à dor.

Quando há o comprometimento de nervos periféricos, os sintomas podem incluir dormência, perda de força e retração de dedos das mãos e dos pés, gerando incapacidades físicas. Sensações de formigamento nos pés, mãos e rosto também são relatadas com frequência.

Com o avanço da doença, pode ocorrer o espessamento e o surgimento de nódulos avermelhados e dolorosos, capazes de prejudicar o movimento dos membros e da face. Se não tratada a tempo, a hanseníase pode gerar danos irreversíveis, os quais contribuem para o aumento do estigma da doença.

Como é feito o diagnóstico da hanseníase?

Inicialmente, a investigação médica é feita a partir dos sintomas apresentados pelo paciente, histórico epidemiológico e exame físico. Em geral, são realizados exames dermatológicos e neurológicos, envolvendo testes de sensibilidade na pele e avaliação motora.

Exames laboratoriais poderão ser solicitados, como a baciloscopia. Esse exame consiste na pesquisa da bactéria Mycobacterium leprae, diretamente nos esfregaços obtidos de raspados das lesões suspeitas de hanseníase. Após a coleta da amostra, é realizada a fixação e a coloração do material biológico, que permitem determinar a presença do bacilo por meio de um microscópio e análise do médico patologista.

Para uma maior precisão diagnóstica, principalmente em pacientes que apresentam poucas lesões e que costumam não apresentar alterações na baciloscopia, exames moleculares baseados na técnica de PCR conseguem detectar o bacilo com maior precisão e sensibilidade. Este também é um exame realizado em laboratório médico por um patologista.

Por fim, existe a possibilidade de utilização do teste rápido para diagnóstico da hanseníase, disponível no Sistema Único de Saúde (SUS). Ele se baseia no método sorológico e tem como intuito identificar anticorpos produzidos pelo organismo em resposta à infecção. Uma vez diagnosticada a hanseníase, familiares, amigos e pessoas próximas ao infectado também deverão ser examinadas.

Como é realizado o tratamento da hanseníase?

O tratamento da hanseníase é feito por meio de diferentes antibióticos, uma abordagem terapêutica eficaz em diminuir a resistência medicamentosa do bacilo, que pode ocorrer com frequência quando se utiliza apenas um dos medicamentos. A duração do tratamento pode variar conforme a forma clínica apresentada pelo paciente.

Todo o tratamento e acompanhamento do paciente diagnosticado com hanseníase é gratuito e fornecido pelo SUS. Em casos mais graves ou de não resposta ao tratamento convencional, o paciente poderá ser encaminhado para os Centros de Referência em hanseníase, onde são realizadas avaliações mais detalhadas e a prescrição de outros medicamentos. Após seguir o tratamento corretamente, no período estipulado, e passar por nova avaliação médica, o paciente pode receber alta por cura.

O diagnóstico precoce é a melhor forma de prevenção contra a hanseníase. Quanto mais cedo for identificada a doença e o tratamento adequado iniciado, mais rápida será a recuperação e menores as chances de complicações para o paciente.

O Célula Laboratório Médico assume o compromisso de trazer informações relevantes, atualizadas e de fontes confiáveis para que você se mantenha sempre bem informado e com a saúde em dia.

Somos responsáveis pela prevenção e o diagnóstico de doenças, a partir de exames anátomos patológicos e citopatológicos. Pautamos nossos serviços pela qualidade, confiabilidade e pelo atendimento personalizado e humanizado, levando para pacientes e médicos parceiros diagnósticos precisos e especializados.

Referências

Ministério da Saúde. Hanseníase. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/h/hanseniase. Acesso em: 26/03/2024.

Ministério da Saúde. Boletim Epidemiológico – Hanseníase 2023. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/boletins/epidemiologicos/especiais/2023/boletim_hanseniase-2023_internet_completo.pdf. Acesso em: 26/03/2024.

Responsável Técnico Médico

Dr. Marcos Michel Gromowski – Médico Patologista

CRM/MT 4934 RQE 13657

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