Leishmaniose humana: Entenda a doença e como se proteger

A Leishmaniose é uma doença de grande impacto global. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Leishmaniose está entre as dez principais doenças tropicais negligenciadas no mundo.

Um dos principais aspectos que tornam a Leishmaniose uma preocupação em saúde pública é a sua ampla distribuição geográfica, podendo ocorrer em áreas rurais e também em perímetros urbanos. Isso significa que a doença pode atingir uma grande parcela da população, tornando-se um desafio para as autoridades de saúde controlar a sua disseminação.

A expansão urbana e as mudanças climáticas também contribuem para o aumento dos casos de Leishmaniose em algumas áreas do Brasil. O desmatamento, a urbanização desordenada e a falta de saneamento básico são fatores que favorecem a proliferação do mosquito vetor e, consequentemente, a disseminação da doença.

Neste conteúdo, você encontrará informações muito importantes sobre a doença, sua transmissão, sintomas, forma de diagnóstico e como realizar a prevenção.

O que é a Leishmaniose?

A Leishmaniose é uma doença infecciosa causada por protozoários do gênero Leishmania, parasitas intracelulares obrigatórios que possuem ciclo de vida alternado entre hospedeiros vertebrados (mamíferos) e insetos (vetores de transmissão). É considerada uma zoonose, ou seja, pode ser transmitida de animais para seres humanos por meio da picada de mosquitos.

Mais de 70 espécies de mamíferos (incluindo humanos) são hospedeiras da Leishmania, sendo algumas delas consideradas como reservatórios do protozoário na natureza. A infecção em roedores e cães é a mais frequente, mas o parasita também é capaz de infectar outros mamíferos silvestres, como preguiças, tatus, tamanduás, algumas espécies de marsupiais, morcegos, coelhos, felinos e primatas.

A Leishmaniose desencadeia diversos sinais clínicos que podem variar em sua gravidade. No entanto, as três principais categorias clínicas da doença são a Leishmaniose cutânea, mucosa e visceral (também conhecida como Calazar). Dentre estas formas clínicas, a Leishmaniose visceral é a forma mais grave e progressiva, podendo ser fatal se não tratada.

Como a doença é transmitida?

A transmissão da Leishmaniose ocorre através da picada de mosquitos infectados pelo parasita Leishmania. Esses mosquitos são conhecidos como mosquitos-palha e são responsáveis por transmitir o parasita de um hospedeiro infectado para um hospedeiro suscetível, como seres humanos e animais.

O ciclo de transmissão da Leishmaniose inicia-se quando o mosquito-palha fêmea pica um hospedeiro infectado, como um cão ou roedor. Durante a picada, o mosquito ingere o parasita presente no sangue animal.

Dentro do mosquito, o parasita sofre uma transformação para uma forma infectante denominada promastigota. Quando o mosquito pica um novo hospedeiro, como um ser humano, ele inocula as formas promastigotas junto com sua saliva. As formas promastigotas migram para o interior das células do sistema imunológico do hospedeiro, onde se transformam em formas amastigotas.

Uma vez dentro das células do hospedeiro, as formas amastigotas se multiplicam e se disseminam para os tecidos e órgãos do corpo, causando os diferentes tipos de Leishmaniose, com sintomas específicos associados a cada uma delas.

É importante destacar que a transmissão da Leishmaniose não ocorre diretamente de uma pessoa para outra, e sim através da picada dos mosquitos vetores. Os mosquitos são mais comuns em áreas rurais e silvestres, mas também podem ser encontrados em ambientes urbanos, principalmente em regiões com clima quente. Seu comportamento é mais ativo no início da manhã e no final da tarde, período em que as pessoas devem tomar precauções adicionais para evitar picadas.

Quais os principais sintomas da Leishmaniose?

Os sintomas da Leishmaniose podem variar dependendo da forma da doença e do sistema imunológico do indivíduo afetado. A seguir, descrevemos os sintomas mais comumente associados.

Leishmaniose Visceral

É a forma mais grave, caracterizada por febre prolongada, fraqueza e fadiga intensa, perda de peso sem explicação aparente, palidez e anemia, aumento do baço e do fígado, diarreia, vômito e falta de apetite. A doença renal também é uma importante manifestação clínica, cuja progressão pode levar a pessoa infectada ao óbito.

Leishmaniose Cutânea

É caracterizada pelo surgimento de lesões na pele, geralmente após semanas da picada do mosquito. As lesões se manifestam inicialmente como pequenas pápulas ou nódulos, que se desenvolvem em úlceras de bordas elevadas e centro avermelhado, com a formação de crostas. As úlceras podem ser únicas ou múltiplas, e são mais frequentes nas extremidades expostas do corpo, como braços e pernas, podendo causar coceira e dor.

Leishmaniose Muco cutânea

Inicia-se com lesões cutâneas semelhantes às da forma cutânea, que podem levar a formação de úlceras. Posteriormente, afeta as mucosas, principalmente do nariz, boca e garganta. Se não tratada pode causar deformações graves nessas regiões e comprometimento da respiração, fala e alimentação.

Perceba que muitos dos sintomas de Leishmaniose podem ser inespecíficos e se assemelhar a outras doenças, o que dificulta o diagnóstico precoce. Além disso, a forma visceral da doença pode ser grave e levar ao óbito se não for tratada adequadamente. Portanto, diante de qualquer sintoma incomum ou persistente, é fundamental procurar atendimento médico para uma avaliação adequada. Quanto mais cedo for realizado o diagnóstico e tratamento, maiores são as chances de recuperação e redução das complicações.

Como é feito o diagnóstico e tratamento da Leishmaniose?

O diagnóstico da Leishmaniose pode ser realizado por meio de exames clínicos e laboratoriais. Exames de sangue são utilizados para detectar a presença do parasita no organismo, como o exame de imunofluorescência indireta (RIFI) e o ensaio imunoenzimático (ELISA).

Um método mais recente é a Reação em Cadeia da Polimerase (PCR), uma técnica molecular que amplifica o material genético do parasita, permitindo sua detecção com alta sensibilidade e especificidade. Esse exame é importante para um diagnóstico mais preciso e rápido, possibilitando um tratamento adequado e evitando complicações graves de saúde.

A PCR pode ser realizada a partir da coleta de amostras da ferida (Leishmaniose cutânea), por meio de raspagem ou biopsia da borda da lesão com anestesia local. Amostras de sangue, aspirado de medula óssea e aspirado ganglionar também podem ser utilizados para diagnóstico, especialmente na Leishmaniose visceral.

O tratamento da Leishmaniose varia de acordo com a forma da doença e a gravidade do caso. Geralmente, são utilizados medicamentos específicos, que devem ser prescritos por um médico especialista. Em alguns casos mais graves, pode ser necessário o acompanhamento hospitalar.

Mais do que efetuar o tratamento precoce, é essencial conscientizar a população da importância da prevenção. Embora não existam vacinas contra a doença, medidas podem ser efetuadas para prevenir a proliferação do mosquito transmissor e se proteger de possíveis picadas.

Mantenha o seu quintal limpo de galhos e folhas e efetue a poda de árvores muito grandes para evitar o sombreamento do local. Aumentar a insolação evita a geração de condições favoráveis a multiplicação do mosquito transmissor.

E importante descartar adequadamente o lixo orgânico para que animais hospedeiros, como ratos e gambás, não se aproximem das casas. Utilize medidas de proteção individual, com o uso de repelentes, além de telas e mosquiteiros, e evite construir casas muito próximas às matas.

O Célula Laboratório Médico assume o compromisso de trazer informações relevantes, atualizadas e de fontes confiáveis para que você se mantenha sempre bem informado e mantenha a sua saúde em dia.

Somos responsáveis pela prevenção e o diagnóstico de doenças, a partir de exames anátomos patológicos e citopatológicos. Pautamos nossos serviços sempre pela qualidade, confiabilidade e pelo atendimento personalizado e humanizado, levando para pacientes e médicos parceiros, diagnósticos precisos e especializados.

Referências:

Brasil. (2021). Secretaria de vigilância em saúde – Ministério da saúde. Boletim Epidemiológico: Doenças Tropicais Negligenciadas.

Mann, S., Frasca, K., Scherrer, S., Henao-Martínez, A. F., Newman, S., Ramanan, P., & Suarez, J. A. (2021). A Review of leishmaniasis: current knowledge and future directions. Current tropical medicine reports.

Ribeiro, R. R., Michalick, M., da Silva, M. E., Dos Santos, C., Frézard, F., & da Silva, S. M. (2018). Canine Leishmaniasis: An Overview of the Current Status and Strategies for Control. BioMed research international.

Responsável Técnico Médico

Dr. Marcos Michel Gromowski – Médico Patologista

CRM/MT 4934 RQE 13657

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