No ano de 2022, conforme dados fornecidos pelo INCA, o Brasil registrou mais de 11 mil novos casos de leucemia. Tratando-se do câncer mais prevalente em crianças, a identificação tardia dessa condição pode complicar o enfrentamento da doença.
Por conta disso, é importante se familiarizar com os sintomas da leucemia, assim como compreender as modalidades de diagnóstico e tratamento associadas a essa enfermidade. Os tópicos seguintes abordam todas essas questões.
Quais fatores podem desencadear a leucemia?
De maneira simplificada, a leucemia é categorizada como um tipo de câncer que afeta a medula óssea, órgão situado no interior dos ossos e encarregado da produção de células sanguíneas, incluindo glóbulos brancos e vermelhos, bem como plaquetas.
Na leucemia, ocorre uma desregulação na produção de células sanguíneas, levando a produção e liberação de células de defesa imaturas, com os blastos. Essas células são disfuncionais, o que prejudica o funcionamento do sistema imunológico da pessoa. Além disso, elas se multiplicam mais rápido e morrem menos do que as células normais.
Não há uma causa específica para a leucemia com base nas informações disponíveis atualmente. A origem das mutações ainda não é completamente compreendida em grande parte dos casos. Alguns estão vinculados a fatores ambientais e uma pequena parcela herda essas mutações dos pais. Na maioria dos casos, entretanto, a origem da mutação é desconhecida.
À medida que o organismo envelhece, erros durante a multiplicação celular podem ocorrer, aumentando a probabilidade de uma mutação indesejada. Isso propicia que certos tipos de leucemia afetem mais frequentemente os idosos. Por outro lado, permanecem sem explicações substanciais as mutações que levam à leucemia em indivíduos jovens.
Quais grupos etários são mais suscetíveis?
Os casos de leucemia podem ser categorizados em quatro grupos, cada um manifestando-se com maior frequência em faixas etárias específicas:
Leucemia mieloide aguda (LMA): predominantemente atinge os idosos, mas também afeta crianças e adultos. Geralmente associada ao envelhecimento, pode ter como fator de risco a exposição prévia à quimioterapia;
Leucemia mieloide crônica (LMC): mais comum em adultos. Nesta variante a célula defeituosa apresenta maior maturidade, resultando em muitos pacientes assintomáticos, percebendo a doença apenas em hemogramas de rotina que indicam alta contagem de leucócitos;
Leucemia linfoide aguda (LLA): tipo mais comum em crianças, embora também possa ocorrer em adultos;
Leucemia linfoide crônica (LLC): manifesta-se principalmente em indivíduos com mais de 55 anos, tornando-a a leucemia mais prevalente em pessoas idosas.
Quais são os sintomas da leucemia?
O início da leucemia aguda é marcado pelo surgimento de uma sequência de mutações que leva a medula óssea a produzir uma célula que perde a capacidade de se diferenciar normalmente.
Esse processo persiste até que essa célula se torne predominante, desencadeando os sintomas clínicos da doença. Nesse estágio, ocorre a chamada falência medular, podendo manifestar sangramentos, anemia, problemas de imunidade, febre e infecções. Esses sintomas são característicos, principalmente, nos casos agudos, como na leucemia promielocítica aguda, em que os sinais de sangramento são bastante típicos, como manchas roxas na pele e pontos vermelhos. Quando a contagem de leucócitos está muito elevada, podem surgir complicações como trombose, aumento da viscosidade sanguínea, confusão mental e falta de ar.
Em contrapartida, os quadros crônicos tendem a ser mais silenciosos, uma vez que as células leucêmicas atingem um grau maior de maturação. É importante estar atento a sinais como alta contagem de leucócitos, baixa contagem de plaquetas, algum grau de anemia e a ocorrência de sangramentos ou tromboses. Em geral, as manifestações clínicas demandam mais tempo para se manifestarem.
Como é feito o diagnóstico?
O acompanhamento de casos suspeitos de leucemia é de responsabilidade do médico hematologista. Tipicamente, o primeiro contato com esse profissional ocorre quando um médico de confiança observa alterações clínicas e em exames de rotina. Um hemograma modificado pode sugerir um acréscimo na quantidade de leucócitos (células brancas do sangue), podendo ou não estar relacionado à redução das hemácias (células vermelhas do sangue) e plaquetas.
Para confirmar a suspeita o hematologista deve solicitar a coleta de uma amostra diretamente da medula óssea, através da técnica de Punção Aspirativa por Agulha Fina (PAAF). A partir desse procedimento, são geralmente requisitados exames como mielograma, biópsia da medula óssea e painéis genéticos para avaliação de mutações associadas à doença.
É importante a realização de todos os exames para confirmar o diagnóstico e determinar o tipo específico de leucemia presente no paciente. Dessa forma, aumentam-se as chances de iniciar um tratamento mais apropriado.
Como é feito o tratamento?
Nas últimas décadas, a medicina avançou consideravelmente, principalmente no que diz respeito às opções de tratamento para leucemias crônicas. Os tratamentos são mais direcionados e atuam diretamente sobre os efeitos das mutações genéticas.
No caso das leucemias agudas, é necessário combinar terapias específicas com quimioterapia. Quando é necessário realizar o transplante de medula óssea, busca-se um parente mais próximo para verificar a compatibilidade. Em determinados casos de leucemias crônicas, também pode ser indicado o transplante de medula óssea.
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Referências
Instituto Nacional de Câncer. Leucemia. Disponível em: https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/cancer/tipos/leucemia#:~:text=Na%20leucemia%2C%20uma%20c%C3%A9lula%20sangu%C3%ADnea,do%20que%20as%20c%C3%A9lulas%20normais. Acesso em: 27/11/2023.
Abrale. Leucemias. Disponível em: https://www.abrale.org.br/doencas/leucemia/. Acesso em: 27/11/2023.
Responsável Técnico Médico
Dr. Marcos Michel Gromowski – Médico Patologista
CRM/MT 4934 RQE 13657