O câncer de testículo é uma doença relativamente rara, mas que merece atenção, especialmente entre homens jovens. Representando cerca de 1% de todos os tumores malignos nos homens, ele é o tipo de câncer mais frequente entre os 15 e 35 anos.
Neste Abril Lilás, mês de conscientização sobre a doença, o alerta se volta para o reconhecimento precoce dos sinais e a importância de exames laboratoriais e patológicos para a confirmação do diagnóstico e o início do tratamento.
Sinais e sintomas do câncer de testículo
O início dos sintomas costuma ser discreto e, muitas vezes, não causa dor. A principal manifestação clínica é o surgimento de um nódulo endurecido em um dos testículos, geralmente percebido pelo próprio paciente durante o banho ou no momento de vestir roupas íntimas. Esse nódulo tende a crescer com o tempo, e pode vir acompanhado de uma sensação de peso escrotal ou leve desconforto na região abdominal inferior.
Embora o autoexame testicular não seja uma estratégia de rastreamento oficialmente recomendada por entidades como o Ministério da Saúde ou o Instituto Nacional de Câncer (INCA), ele continua sendo uma prática adotada por muitos profissionais como forma de estimular o autoconhecimento corporal e facilitar a detecção de alterações precoces. A observação de qualquer volume estranho, assimetria testicular, dor ou inchaço deve motivar uma avaliação médica especializada.
Como é feito o diagnóstico do câncer de testículo
Após o exame clínico com um urologista, o passo seguinte é a realização de exames de imagem, como a ultrassonografia escrotal, que ajuda a visualizar a estrutura interna dos testículos. Contudo, o diagnóstico definitivo do câncer de testículo depende do exame patológico, realizado a partir de uma amostra retirada por meio da cirurgia de remoção do testículo afetado — procedimento conhecido como orquiectomia.
Neste ponto, o papel da patologia se torna central. Após a remoção cirúrgica, o material é enviado ao laboratório de anatomia patológica, onde será processado e analisado em lâminas. O patologista examina o tecido testicular ao microscópio para identificar o tipo histológico do tumor, sua extensão, grau de diferenciação celular e presença de invasão vascular ou linfática. Essas informações são determinantes para a classificação do estágio da doença e definição da conduta terapêutica.
Além da avaliação do tecido, o diagnóstico também pode ser complementado com exames de sangue para detectar marcadores tumorais, como a alfafetoproteína (AFP), a gonadotrofina coriônica humana (beta-hCG) e a desidrogenase lática (LDH). Esses marcadores ajudam no diagnóstico e no acompanhamento da resposta ao tratamento e na detecção de possíveis recidivas.
Tipos de câncer de testículo
Existem dois principais grupos histológicos de câncer de testículo: os seminomas e os não-seminomas. Os seminomas tendem a crescer mais lentamente e respondem bem à radioterapia, enquanto os não-seminomas — que incluem tipos como carcinoma embrionário, tumor do saco vitelino, coriocarcinoma e teratoma — costumam ser mais agressivos e requerem tratamento com quimioterapia. A diferenciação entre esses grupos só é possível por meio da análise patológica especializada.
A importância do médico patologista no tratamento oncológico
Embora o paciente raramente tenha contato direto com esse profissional, o médico patologista exerce uma função importante no enfrentamento do câncer de testículo. É ele quem analisa, interpreta e fornece o laudo que confirma ou descarta a presença do câncer. Seu parecer influencia diretamente nas decisões terapêuticas tomadas pelo oncologista, urologista e demais especialistas envolvidos no caso.
A qualidade da amostra colhida, a precisão na fixação e no processamento do tecido e a experiência do patologista são fatores que impactam na exatidão do diagnóstico. Além disso, em casos mais complexos, exames adicionais como imuno-histoquímica podem ser solicitados para confirmar o subtipo tumoral, sobretudo quando as características morfológicas não são suficientes para definição.
Nos casos de tumores mistos ou com diferenciação incomum, o patologista ainda desempenha um papel consultivo na equipe multidisciplinar, colaborando para individualizar o tratamento. Em um cenário de medicina cada vez mais personalizada, a patologia moderna vai além da simples descrição da doença, fornecendo dados preditivos e prognósticos que orientam as melhores estratégias terapêuticas para cada paciente.
Prognóstico e chances de cura
Graças aos avanços diagnósticos e terapêuticos, o câncer de testículo apresenta atualmente uma das maiores taxas de cura entre os tumores sólidos masculinos. Quando descoberto nas fases iniciais, o índice de sucesso terapêutico supera 95%, mesmo nos casos que requerem tratamento com quimioterapia. Ainda assim, o diagnóstico precoce continua sendo o principal fator associado ao bom prognóstico.
Após o tratamento, os pacientes devem manter acompanhamento regular com a equipe médica, incluindo dosagens periódicas dos marcadores tumorais e exames de imagem. O objetivo é monitorar eventuais recidivas e garantir que o tratamento tenha sido eficaz.
Conscientização salva vidas
Apesar do alto potencial de cura, o câncer de testículo ainda é cercado por desinformação e tabus. Muitos homens negligenciam alterações nos órgãos genitais por vergonha ou medo, o que pode atrasar o diagnóstico. A campanha Abril Lilás surge, portanto, como uma oportunidade para quebrar esse silêncio, ampliar o conhecimento sobre a doença e incentivar a busca por assistência médica diante de qualquer anormalidade.
Laboratórios de patologia, ao lado dos demais serviços de saúde, têm papel decisivo na confirmação diagnóstica da doença e na vigilância contínua de casos já tratados. A precisão dos exames, aliada à atuação técnica do médico patologista, é fundamental para que o câncer de testículo seja identificado com clareza e tratado com sucesso.
Mais do que uma campanha de saúde, o Abril Lilás é um chamado à escuta do próprio corpo e ao acesso à informação qualificada. Conhecer os sintomas, entender o processo diagnóstico e confiar na atuação da medicina baseada em evidências são caminhos seguros para preservar a saúde masculina e ampliar as chances de cura.
O Célula Laboratório Médico assume o compromisso de trazer informações relevantes, atualizadas e de fontes confiáveis para que você se mantenha sempre bem-informado e com a sua saúde em dia.
Responsável Técnico Médico
Dr. Marcos Michel Gromowski – Médico Patologista
CRM/MT 4934 RQE 13657
Referências
Instituto Nacional de Câncer – INCA. Câncer de testículo. Disponível em: https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/cancer/tipos/testiculo. Acesso em: 27/03/2025.
Oncoguia. Sinais e Sintomas do Câncer de Testículo. Disponível em: https://www.oncoguia.org.br/conteudo/sinais-e-sintomas-do-cancer-de-testiculo/723/245/. Acesso em: 27/03/2025.
Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica. 6 sintomas de câncer de testículo e quando suspeitar. Disponível em: https://sbco.org.br/6-sintomas-de-cancer-de-testiculo-e-quando-suspeitar/. Acesso em: 27/03/2025.
Manual MSD. Câncer testicular. Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-geniturin%C3%A1rios/c%C3%A2nceres-geniturin%C3%A1rios/c%C3%A2ncer-testicular. Acesso em: 27/03/2025.