Câncer de colo do útero: o papel do médico patologista no diagnóstico

O câncer de colo do útero, também conhecido como câncer cervical, é uma das neoplasias mais frequentes entre as mulheres e um desafio de saúde pública no Brasil. A doença, que se desenvolve a partir de alterações celulares na região do colo do útero, está fortemente associada à infecção persistente pelo Papilomavírus Humano (HPV).

Apesar de sua gravidade, é amplamente prevenível e tratável quando detectada precocemente. Este conteúdo, aborda as causas, os fatores de risco, as estratégias de prevenção, o papel do médico patologista no diagnóstico e as técnicas utilizadas para identificar a doença em suas fases iniciais.

Câncer de colo de útero no Brasil

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), são estimados 17.010 novos casos de câncer de colo do útero por ano no Brasil. Esses números evidenciam a relevância do tema, especialmente considerando que a maior parte dos casos e óbitos ocorre em populações vulneráveis, como mulheres de baixa renda e com acesso limitado a serviços de saúde.

O câncer de colo do útero é mais comum entre mulheres com idade entre 40 e 60 anos, mas pode se manifestar mais cedo em alguns casos. Em estágios iniciais, a doença é silenciosa, o que reforça a necessidade de medidas preventivas e rastreamento periódico.

O papel do médico patologista no diagnóstico

O diagnóstico precoce do câncer de colo do útero depende diretamente do trabalho do médico patologista, que atua na análise detalhada das amostras coletadas durante o exame preventivo (Papanicolaou) e outros procedimentos diagnósticos, como a biópsia e a colposcopia.

O patologista é o responsável por identificar alterações celulares sugestivas de lesões precursoras ou câncer, utilizando técnicas avançadas de citopatologia e histopatologia. Sua expertise permite não apenas confirmar a presença de alterações, mas também classificar a gravidade das lesões, determinando se são de baixo ou alto grau, ou mesmo se já há evolução para o câncer invasivo.

Esse profissional desempenha um papel importante também no diagnóstico diferencial, ajudando a distinguir entre alterações benignas e malignas. Além disso, a análise patológica fornece informações assertivas para a definição do estágio da doença, guiando o médico ginecologista na escolha do tratamento mais adequado.

HPV e os fatores de risco para o câncer de colo de útero

A principal causa do câncer de colo de útero é a infecção pelo HPV, especialmente pelos subtipos 16 e 18, considerados de alto risco para o desenvolvimento da doença. O HPV é transmitido principalmente por contato sexual, embora o uso de preservativos reduza parcialmente as chances de contágio.

Outros fatores que aumentam o risco incluem:

  • Início precoce da atividade sexual.
  • Múltiplos parceiros ao longo da vida.
  • Tabagismo, que pode dobrar as chances de desenvolvimento do câncer.
  • Uso prolongado de pílulas anticoncepcionais.
  • Baixa imunidade, como em pacientes com HIV ou em tratamento de doenças autoimunes.

As lesões precursoras do câncer de colo de útero, conhecidas como neoplasias intraepiteliais cervicais (NIC), podem levar de 10 a 20 anos para evoluir para o câncer, o que torna o rastreamento regular uma estratégia eficaz para interromper a progressão da doença.

Como prevenir o câncer de colo de útero?

A prevenção primária contra o câncer de colo de útero está relacionada à vacinação contra o HPV e ao estímulo de práticas sexuais seguras. Desde 2014, o Ministério da Saúde disponibiliza a vacina contra o HPV para meninas e meninos, ampliando a proteção contra os subtipos mais associados ao câncer. A vacina, no entanto, não protege contra todos os tipos oncogênicos do vírus, o que reforça a necessidade do exame preventivo mesmo para mulheres vacinadas.
Além disso, o exame preventivo, conhecido como Papanicolaou, é uma ferramenta indispensável para a detecção de lesões precursoras. Realizado em unidades de saúde públicas e privadas, o teste é simples, rápido e amplamente recomendado para mulheres entre 25 e 64 anos que já tiveram vida sexual.

Importância do diagnóstico precoce

O exame Papanicolaou é considerado a principal técnica de rastreamento do câncer de colo do útero. Durante o procedimento, uma amostra de células é coletada do colo do útero para análise citopatológica realizada por médicos patologistas. Esse processo permite identificar alterações celulares antes do surgimento do câncer.

Casos com alterações detectadas no exame preventivo podem exigir exames complementares, como colposcopia e biópsia. A biópsia, em especial, é analisada em laboratório por patologistas, que investigam minuciosamente os tecidos para confirmar o diagnóstico. Além disso, o patologista desempenha um papel fundamental na identificação de subtipos específicos de HPV, utilizando técnicas moleculares avançadas que ajudam a direcionar o manejo clínico.

Nos últimos anos, a testagem molecular para HPV foi incorporada como uma estratégia complementar ao Papanicolaou. Esse método identifica a presença de subtipos de alto risco do vírus e é recomendado em intervalos de até cinco anos, aumentando a eficácia do rastreamento.

Como tratar o câncer de colo de útero?

O tratamento para o câncer de colo de útero depende do estágio da doença. Lesões precursoras podem ser tratadas de forma ambulatorial, enquanto casos mais avançados podem exigir cirurgia, radioterapia ou quimioterapia. A escolha do tratamento considera fatores como idade, desejo de ter filhos e estado de saúde da paciente.

Após o tratamento, o acompanhamento é indispensável para monitorar a recuperação e prevenir recidivas. Nos dois primeiros anos, consultas devem ser realizadas a cada 3 ou 4 meses, tornando-se anuais após o quinto ano. O cuidado contínuo inclui exames regulares e adoção de hábitos saudáveis, como alimentação equilibrada e interrupção do tabagismo.

O Célula Laboratório Médico assume o compromisso de trazer informações relevantes, atualizadas e de fontes confiáveis para que você se mantenha sempre bem informado e com a sua saúde em dia.

 

Responsável Técnico Médico

Dr. Marcos Michel Gromowski – Médico Patologista

CRM/MT 4934 RQE 13657

 

Referências

Instituto Nacional de Câncer – INCA. Câncer do colo do útero. Disponível em: https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/cancer/tipos/colo-do-utero. Acesso em: 28/11/2024.

Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica. Como é o diagnóstico do câncer do colo de útero? Disponível em: https://sbco.org.br/como-e-o-diagnostico-do-cancer-do-colo-de-utero/. Acesso em: 28/11/2024.

Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde – CONITEC. Prevenção de câncer de colo de útero: Ministério da Saúde incorpora teste inovador para detecção do HPV em mulheres. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/assuntos/noticias/2024/marco/prevencao-de-cancer-de-colo-de-utero-ministerio-da-saude-incorpora-teste-inovador-para-deteccao-do-hpv-em-mulheres. Acesso em: 28/11/2024.

 

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