Testosterona, envelhecimento e câncer de próstata: o que se sabe?

Com o envelhecimento, muitos homens experimentam uma queda gradual nos níveis de testosterona. Esse hormônio é amplamente responsável por diversas funções no corpo masculino, como o desenvolvimento muscular, a distribuição de gordura, a libido e até o bem-estar emocional. No entanto, além das questões físicas e emocionais, a testosterona tem um papel significativo na saúde da próstata.

Com a crescente discussão sobre a reposição hormonal, entender a relação entre testosterona e câncer de próstata torna-se cada vez mais importante, especialmente em um contexto de diagnóstico patológico.

O papel da testosterona no corpo masculino

A testosterona é produzida nos testículos e influencia uma série de funções no organismo. Ela regula a formação de músculos, ajuda na distribuição de gordura corporal, atua diretamente no desejo sexual e na produção de esperma, e também está ligada ao crescimento de pelos corporais e faciais. No entanto, sua influência vai além do aspecto físico, tendo também impacto sobre o humor, a motivação e a autoconfiança.

Com o passar dos anos, os níveis de testosterona caem naturalmente. A partir dos 30 anos, é comum que os homens percam cerca de 1% desse hormônio por ano, e essa queda pode trazer sintomas como fadiga, perda de massa muscular, aumento de gordura corporal, diminuição da libido e alterações de humor. No entanto, tais sintomas podem ter outras causas, como distúrbios metabólicos ou até mesmo efeitos colaterais de medicamentos, reforçando a necessidade de um diagnóstico preciso.

Diagnóstico e reposição de testosterona

A redução dos níveis de testosterona pode ser diagnosticada por meio de exames laboratoriais. Em homens que apresentam sintomas típicos da andropausa, como perda de força muscular e diminuição do desejo sexual, a análise dos níveis hormonais no sangue é o primeiro passo para determinar se há necessidade de intervenção médica.

A reposição de testosterona, conhecida como Terapia de Reposição de Testosterona (TRT), é uma alternativa para homens que apresentam queda acentuada dos níveis hormonais e sintomas debilitantes. Esse tratamento visa restabelecer os níveis de testosterona e pode proporcionar alívio dos sintomas. Contudo, a reposição hormonal exige acompanhamento constante e um diagnóstico cuidadoso, especialmente quando há histórico de doenças relacionadas à próstata.

Relação entre testosterona e câncer de próstata

O câncer de próstata é uma das neoplasias mais comuns entre os homens e merece atenção especial, especialmente ao se discutir a terapia de reposição hormonal. Embora a relação direta entre testosterona e câncer de próstata ainda seja alvo de estudos, sabe-se que a testosterona desempenha um papel importante no crescimento e desenvolvimento da glândula prostática.

A controvérsia em torno da reposição hormonal de testosterona surge do fato de que o hormônio pode acelerar o crescimento de células cancerígenas já existentes na próstata. Embora a TRT não seja considerada uma causa direta de câncer de próstata, ela pode estimular o crescimento de tumores que já estão presentes, mas que ainda não foram detectados. Por isso, a reposição hormonal só deve ser indicada após exames rigorosos que avaliem a saúde da próstata, incluindo o PSA (Antígeno Prostático Específico) e a biópsia da próstata realizada por um médico patologista, quando necessário.

A campanha Novembro Azul, focada na prevenção do câncer de próstata, reforça a importância de um diagnóstico precoce. Homens que consideram a reposição hormonal devem passar por uma avaliação criteriosa antes de iniciar o tratamento, especialmente aqueles com histórico familiar de câncer de próstata. Essa abordagem garante que os riscos relacionados ao câncer de próstata sejam adequadamente monitorados, minimizando complicações futuras.

Exames patológicos e diagnóstico do câncer de próstata

O diagnóstico precoce do câncer de próstata é feito principalmente por meio de exames como o PSA, que avalia a presença de proteínas associadas a alterações na próstata, e o toque retal. Contudo, o diagnóstico definitivo muitas vezes depende de análises patológicas realizadas após a biópsia da próstata. A biópsia envolve a retirada de pequenas amostras de tecido da próstata, enviadas para um laboratório de patologia, onde são analisadas em busca de sinais de câncer.

Os laboratórios de patologia têm um papel fundamental nesse processo, fornecendo resultados que orientam a escolha do tratamento mais adequado para cada paciente. No caso de detecção de células cancerígenas, a equipe médica pode decidir pela cirurgia, radioterapia ou outras abordagens terapêuticas. Quando o câncer é diagnosticado precocemente, as chances de tratamento bem-sucedido são significativamente maiores, reforçando a importância da realização de exames periódicos.

Cuidados na terapia de reposição de testosterona

A reposição hormonal, embora seja uma opção atraente para homens com baixos níveis de testosterona, deve ser administrada com cautela. Além do impacto potencial na próstata, a TRT pode aumentar os riscos de outros problemas de saúde, como apneia do sono, elevação nos níveis de hemoglobina (o que pode aumentar o risco de coágulos sanguíneos) e, em alguns casos, complicações cardiovasculares.

Portanto, a escolha pela TRT deve sempre ser acompanhada por um profissional de saúde especializado. O tratamento exige monitoramento constante dos níveis de testosterona, além de exames periódicos para garantir que não haja complicações no sistema cardiovascular ou na próstata. Homens que optam pela reposição hormonal precisam estar atentos a mudanças em sua saúde e devem realizar exames regularmente para monitorar os resultados e ajustar o tratamento conforme necessário.

Estratégias para manter a saúde masculina

Embora a reposição de testosterona seja uma alternativa para tratar os sintomas da andropausa, existem outras abordagens que podem contribuir para o bem-estar e a saúde masculina durante o envelhecimento. A adoção de um estilo de vida saudável pode ter um impacto positivo sobre os níveis hormonais e a saúde geral do corpo. Algumas estratégias incluem:

  • Atividade física regular: O exercício físico, especialmente o treinamento de força, pode ajudar a manter a massa muscular e os níveis de testosterona.
  • Alimentação equilibrada: Uma dieta rica em vegetais, proteínas e gorduras saudáveis é importante para manter a saúde metabólica e hormonal.
  • Sono adequado: Dormir bem é essencial para a produção de testosterona e o bom funcionamento do organismo.
  • Gestão do estresse: Técnicas de relaxamento, como a meditação, podem ajudar a reduzir os níveis de estresse, que têm um impacto direto sobre os hormônios.

A relação entre testosterona e câncer de próstata exige atenção redobrada, especialmente para homens que consideram a reposição hormonal. O acompanhamento médico, o diagnóstico precoce e os exames laboratoriais desempenham um papel importante na escolha do tratamento mais adequado. O entendimento das opções disponíveis e o monitoramento constante da saúde são passos essenciais para garantir uma vida saudável e equilibrada, especialmente com o avanço da idade.

Se você está considerando a reposição hormonal ou tem dúvidas sobre a saúde da próstata, agende uma consulta com seu médico e realize os exames necessários para uma avaliação completa.

O Célula Laboratório Médico assume o compromisso de trazer informações relevantes, atualizadas e de fontes confiáveis para que você se mantenha sempre bem-informado e com a sua saúde em dia.

Referências

Sociedade Brasileira de Urologia. Envelhecimento masculino e a diminuição da testosterona. Disponível em: https://sbu-sp.org.br/publico/envelhecimento-masculino-e-a-diminuicao-da-testosterona/. Acesso em: 25/10/2024.

Portal da Urologia. O envelhecimento masculino e o declínio da testosterona. Disponível em: https://portaldaurologia.org.br/sua-saude/duvidas-frequentes/o-envelhecimento-masculino-e-o-declinio-da-testosterona. Acesso em: 25/10/2024.

Responsável Técnico Médico

Dr. Marcos Michel Gromowski – Médico Patologista

CRM/MT 4934 RQE 13657

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