Os linfomas são um tipo de câncer que se desenvolve nas células do sistema linfático, especificamente nos linfócitos, responsáveis pela defesa do organismo contra infecções. Embora seja considerado um câncer raro, especialmente quando comparado a outros tipos, ele afeta principalmente adultos. Dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) indicam que, entre 2020 e 2022, cerca de 12 mil novos casos de linfomas foram diagnosticados no Brasil, reforçando a necessidade de conscientização sobre a doença.
Assim como a maioria dos cânceres, o risco de desenvolver linfoma aumenta com a idade. Isso significa que, à medida que a população envelhece, o número de casos tende a crescer. O diagnóstico muitas vezes ocorre de forma tardia, o que pode dificultar o tratamento. Portanto, é preciso que todos estejam bem informados sobre os sintomas e os métodos de diagnóstico desse câncer, facilitando a detecção precoce e, consequentemente, melhorando as chances de sucesso do tratamento.
O que são linfomas?
Os linfomas pertencem à categoria dos cânceres hematológicos, assim como a leucemia. No entanto, há uma diferença importante entre os dois: enquanto a leucemia afeta a medula óssea, onde as células sanguíneas são produzidas, o linfoma se desenvolve principalmente nos linfonodos e no baço. Contudo, isso não significa que o linfoma esteja restrito a essas áreas, já que os linfócitos também estão presentes na medula óssea e no sangue. Dessa forma, é possível que o linfoma se manifeste em diferentes partes do corpo.
Existem dois tipos principais de linfoma: o linfoma de Hodgkin e o linfoma não Hodgkin. O linfoma de Hodgkin é mais raro e apresenta características específicas, especialmente em relação ao tipo de célula cancerígena que se desenvolve nos tumores. Já o linfoma não Hodgkin é mais comum e pode se apresentar de formas variadas, tanto em termos de gravidade quanto de prognóstico. Essas distinções, no entanto, só podem ser confirmadas por meio de exames laboratoriais, como a biópsia, essencial para determinar o tipo de linfoma e definir o tratamento adequado.
Quais os sintomas dos linfomas?
Os sintomas do linfoma podem ser não específicos, dificultando o diagnóstico precoce. No início, o paciente pode apresentar perda de peso inexplicável, fraqueza generalizada e fadiga. Esses sintomas, por si só, podem ser confundidos com outras condições de saúde menos graves, retardando a busca por atendimento médico.
Um sintoma mais característico, que pode surgir em estágios mais avançados, é o inchaço indolor dos linfonodos, comumente chamado de íngua. Entretanto, é importante ressaltar que nem toda íngua é indicativa de linfoma. As ínguas podem surgir como resposta do sistema imunológico a infecções, como aquelas causadas por vírus e bactérias que afetam a garganta. Quando a infecção é controlada, os linfonodos tendem a voltar ao tamanho normal em poucos dias. Por isso, o surgimento de ínguas persistentes deve ser investigado por um médico, especialmente se acompanhado de outros sintomas.
Como é feito o diagnóstico dos linfomas?
O processo de diagnóstico do linfoma começa com uma avaliação clínica completa, realizada pelo médico. Durante a consulta, o histórico do paciente, os sintomas e os sinais físicos são analisados cuidadosamente. Se houver suspeita de linfoma, o médico pode solicitar uma série de exames complementares para confirmar o diagnóstico.
Entre os exames mais comuns estão as radiografias e as tomografias computadorizadas, que permitem visualizar áreas do corpo onde os linfonodos não são palpáveis, como o mediastino, localizado no tórax. Esses exames auxiliam na identificação dos linfomas em locais de difícil acesso e servem para determinar a extensão da doença.
No entanto, o diagnóstico definitivo só pode ser feito por meio de uma biópsia do linfonodo aumentado. Esse procedimento consiste na retirada de uma amostra de tecido do linfonodo, que é analisada em laboratório, por um médico patologista, para identificar as características das células cancerígenas.
Alternativamente, a biópsia por punção aspirativa com agulha fina (PAAF) pode ser realizada, embora tenha menor sensibilidade e especificidade. A biópsia da medula óssea é indicada para avaliar a infiltração medular, especialmente em linfomas agressivos ou quando há suspeita de comprometimento da medula.
Após a confirmação histológica do linfoma, os casos são classificados segundo o sistema da Organização Mundial da Saúde (OMS) e estadiados conforme o sistema Ann Arbor. Esse sistema considera quatro estágios:
- No estágio I, há envolvimento de um único grupo de linfonodos;
- No estágio II, dois ou mais grupos de linfonodos no mesmo lado do diafragma são afetados;
- O estágio III caracteriza-se pelo envolvimento de linfonodos em ambos os lados do diafragma;
- No estágio IV, há envolvimento disseminado de um ou mais órgãos.
Com base nas análises, os médicos podem determinar o tipo de linfoma e planejar o tratamento mais adequado. Em geral, o tratamento dos linfomas não envolve procedimentos cirúrgicos, mas sim quimioterapia e radioterapia.
Importância do diagnóstico precoce de linfomas
Embora o linfoma seja um tipo de câncer menos conhecido pela população em geral, sua gravidade não deve ser subestimada. A conscientização sobre os sintomas, o diagnóstico e as opções de tratamento podem aumentar as chances de sucesso no combate à doença. Como o linfoma pode se manifestar de maneira silenciosa, é importante que qualquer alteração suspeita no corpo, especialmente o surgimento de ínguas persistentes, seja investigada por um médico o quanto antes.
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Referências
Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia. Linfomas. Disponível em: https://abrale.org.br/doencas/linfomas/. Acesso em: 27/08/2024.
Mayo Clinic. Lymphoma. Disponível em: https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/lymphoma/symptoms-causes/syc-20352638. Acesso em: 27/08/2024.
National Library of Medicine. Lymphoma. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK560826/. Acesso em: 27/08/2024.
Responsável Técnico Médico
Dr. Marcos Michel Gromowski – Médico Patologista
CRM/MT 4934 RQE 13657